quinta-feira, 16 de abril de 2009

"Crisi"

No dia 17 de setembro, quem caminhava pelas ruas de Barcelona deparava com um exemplar de um novo concorrente no já bastante diversificado nicho das publicações distribuídas gratuitamente pela cidade.

Diferentemente das outras, porém, a capa de Crisi – nome da recém-chegada revista de número único em formato tablóide – não resumia os principais fatos do dia anterior. Sobre a fotografia de um homem empunhando alguns centavos de euro, saltava aos olhos a pergunta “Crê que os bancos te roubam?”, seguida da resposta “Descubra como eles o fazem e como dar a volta”.

A chamada dizia respeito aos textos das páginas 10 e 11, nas quais o editor de Crisi, o ativista catalão Enric Duran, de 32 anos, escancarava todo o plano que pôs em prática: com parte dos 492.632 euros que arrecadou em empréstimos de 39 instituições financeiras distintas – todas devidamente listadas na matéria, juntamente com a quantia em euros que cada uma forneceu – ele redigiu, editou, imprimiu e distribuiu 200 mil exemplares da revista por toda a Catalunha (comunidade autônoma espanhola da qual Barcelona é a capital).

Com a diferença de que simplesmente não pretende pagar o que deve. “Eu roubei 492 mil euros dos que mais nos roubam para denunciá-los e construir alternativas para sociedade”, diz a manchete. Segundo seu autor, que adotou o codinome Robin Bank (em óbvia alusão a Robin Hood), apenas um documento falso e desculpas, como a compra de um carro ou a reforma de um apartamento, foram suficientes para obter os empréstimos.

Crisi chegou às ruas no auge da crise mundial dos bancos. Não por acaso, suas 20 páginas descem a lenha no sistema bancário, além de conter uma enxurrada de manifestos antiestablishment em prol do que ele chama de “desobediência civil”. Tal cardápio inclui desde dicas sobre como viver em comunidades auto-sustentávei.

Leia a entrevista com Duran em www.revistatrip.uol.com.br/blogs/redacao/2008/08/22/maurren-maggi.html

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